Tuesday, May 29, 2007

Idiotices Serviçais

Há uma certa visão que quanto mais penso nela, mais idiota me parecem as profissões no sector de serviços.
Chega-se a trabalhar 14, 16 e 18 horas para termos dinheiro, para pagar a outros para fazerem em nossa casa o que nós não temos tempo de fazer, porque estamos ocupados a ganhar dinheiro. Ou seja: estamos a ganhar dinheiro para pagar a outra pessoa, para fazer algo que, se nós estivessemos em casa, poderiamos fazer.
Mas o facto de não estarmos em casa, e sim a trabalhar, não reverte a nosso favor porque temos que pagar à pessoa que está em nossa casa a fazer o que nós deveriamos estar a fazer mas não temos tempo porque estamos a trabalhar para pagar a essa pessoa, porque não temos tempo.
Completamente idiota! Nestas alturas apetece-me gritar: "Vai p'a casa coser meias, pá!"

Friday, May 25, 2007

Chico esperto

A resposta, "queria, já não quer?" ao pedido de "queria uma bica faz favor", irrita-me menos do que a expressão que no outro dia ouvi.
Ao meu pedido gestual de mais imperiais para a minha mesa o empregado grita para o balcão: "São quatro imperialocas!"
Para mim a cerveja ficou imediatamente choca!

Thursday, May 24, 2007

Dois gajos

"- ... e aquele teu amigo maricas, como é que está?
- Ele não é maricas!
- Épá, ele dá-se com maricas e no outro dia vi-o com um gajo de mão dada....
- Bom... talvez seja maricas, mas não é meu amigo!
- Sim, ok, mas como é que está?
- Épá, não sei... ele não é meu amigo!"

Tuesday, May 22, 2007

Eu quero ir fazer chichi!

No outro dia estava a descer as escadas de acesso à gare do metro. O comboio estava a entrar na estação e todos os utentes a desciam com uma certa pressa. Um senhor de idade avançada, subia as escadas em sentido contrário, periclitantemente auxiliado por uma bengala. Uma boa samaritana que descia resolveu parar e avisar o idoso cavalheiro de que o metro estava mesmo a chegar e que se o queria apanhar deveria reverter o seu sentido de marchar. O ancião, fazendo cara de poucos amigos disse: "Sim, eu sei minha senhora, mas eu tenho que ir fazer chichi!".

Pandora

Todos queremos ser descobertos, mas será que nos querem descobrir?
Somos potenciais caixas de Pandora. Com a tampa aberta, podemos soltar todos os males do mundo. O problema não é quando são soltos os males, que disso o mundo está cheio. O problema é quando a mediocridade é solta. Temos obrigação moral de nos exceder, tentar sempre alcançar o que ainda nos é proibido. Quando nos contentamos com o que é fácil e com o que é rapidamente alcançado, sem procurar a perfeição, a superação de um desafio, conseguimos ser piores ainda do que o interior da Caixa da dita senhora. Somos uma nulidade.

Cabaret

Numa rua esconsa da cidade, uma porta abre-se diante de mim. Esconde um foier cheio de uma penumbra pesada pelo cheiro de tabaco. Um único foco de luz aponta para uma gaiola dourada com um papagaio embalsamado. O ex-animal está pintado de ouro e da sua pata esquerda pende uma etiqueta com algo escrito: “o silêncio é de louro”.
Deixo a minha gabardina ensopa, no bengaleiro, a uma senhora de idade com os lábios pintados de preto. Diz-me, “bem vindo!”.
À esquerda da sala, um balcão de bar forrado a latão reluzente. À direita um pequeno palco, onde três rinocerontes de tutu e de barba por fazer se acotovelam para mostrarem as suas tatuagens de guerra. Um deles exibe, com orgulho, uma boina vermelha trespassada por uma baioneta. Por baixo o lema: “os comandos nunca morrem”.
As mesas, à minha frente, são servidas por elefantes amarelos demasiado pequenos para serem africano. São nitidamente asiáticos. Sei que estão preocupados com o facto de serem amarelos. Têm icterícia, pensam eles. Para disfarçar pintam a trombas com baton cor de framboesa.
Por detrás, a atracção principal. Uma striper, com cabeça de basset hound, de enormes olhos chorosos dança para uma plateia de empresários do norte que riem alarvemente. Ela chora, mas tem a tanga cheia de notas de cinquenta euros.