Friday, June 1, 2007

Metrísses

O metropolitano de lisboa, como qualquer meio de transporte público, é um caldeirão de experiências e de tipos populares. Hoje, contactei com uma das mais antigas espécies populares que, julagava eu, já estaria à muito extinta: a criada de fora.
Não só as duas senhoras serviçais eram de uma singeleza popular, perpétuando a personagem, como também cada uma delas era verdadeira aos tiques da sua região Natal.
Uma nitamente lisboeta, tinha a típica pronuncia com os "chigastichs", os "ádes" e os "não querech lá véri" etc. Imaginei-a em Alfama a lavar a soleira da porta a gritar para a vizinha do primeiro esquerdo os últimos mexericos da rua.
A outra era da Beira Alta. Criada nas fragas da serra, de braços fortes habituados a pôr o panelão na mesa e a obrigar os meninos mais avessos a sopas a ingerirem o sustendo. Claro que tinha bigode e de cada vez que falava, o seu sotaque sibilante, lançava uma chuva de perdigotos.
Folgo em notar que o Português de Eça ainda vive. Anda perdido sobre capas de telemóveis mas ainda se nota lá.

2 comments:

andreia said...

Se fosse da beira baixa era bem mais gira e sem bigode! (do lado certo da Serra)

Pareceu-me bem inspirado! A moral da história então... muito bom! :)

andreia said...

Precisa-se de novo post inspirado e optimista neste blog de luxo.
Ass: os leitores